quarta-feira, 24 de abril de 2013

TÃO POUCO

Fechar os olhos e deixar o vento bater no rosto, balançar os pelos da barba e despentear os cabelos, dando uma sensação de prazer único e inexplicável, muitas vezes é tudo que precisamos pra um final de dia estressante. Tomar um banho quente, sentado no chão do banheiro deixando a agua cair sobre a cabeça com a sensação de levar tudo que não presta, todo o peso dos ombros, toda as doenças do corpo e alma e fazer com que tudo suma pelo ralo, enquanto com os olhos fechados um sonho lindo a ser realizado passa lentamente com uma paisagem de céu azul ensolarado e um campo arborizado multicolorido enfeitando o feliz lugar. Ou um banho de chuva, torrencial, sem raios e trovões, apenas pingos d’água molhando a roupa enquanto um sorriso explode no rosto com os olhos fechados olhando pra cima pra que a chuva molhe o rosto e não se iniba de cair mais forte a cada momento para ser apreciado sem um fim programado. Ou um cancelamento de uma reunião pós-almoço, que dê o restante da tarde de folga para passear no primeiro parque que encontrar, alargado o nó da gravata, jogando o blazer no chão para servir de assento, tirando os sapatos e meias e sentindo o real calor da natureza fazendo cocegas na sola dos pés. , enquanto aprecia um sorvete de frutas daqueles de infância, sem marca, glamour ou frescuras, apenas um suco muito doce cheio de corante e congelado num palito. Ou quem sabe o famoso dia de preguiça, onde acordar se remete apenas a abrir os olhos, sem pensar em despir-se do pijama e colocar uma roupa de batalha... levantar da cama apenas se for pra pegar um chocolate quente ou um cappuccino, com torradas com requeijão caindo pelas bordas e voltar pra cama quentinha e desarrumada, acompanhado de um edredom e do controle remoto da TV... ver desenhos pela manhã, um filme (clichê) a tarde e um merecido e desejado cochilo pra descansar de tudo que não fez no dia. - Depois de ler tudo isso, ver que o que pode nos fazer feliz e está tão perto, mas que não damos o valor necessário. Quantas vezes reclamamos do vento que nos traz frio... da chuva que nos molha no final da tarde e muitas vezes bem na hora de irmos pra casa, ou daquele banho no final do dia que não passa de uma obrigação higiênica e que não é aproveitado como momento de relaxamento... ou até mesmo os dias que precisamos descansar e não nos permitimos deixar a agenda vazia e realmente descansar pra nos preocuparmos com obrigações banais. Precisamos de tão pouco pra sermos felizes, podemos aproveitar melhor os momentos que são rotineiros no nosso dia-dia e não o fazemos, e quase sempre, reclamamos e reclamamos que não conseguimos finalizar projetos, nem visitar amigos, nem ver nossos filhos crescerem, nem ver a vida passar e quando nos damos conta, já foi... nada mais importa, nada mais tem jeito, nada mais pode ser remediado, apenas lamentado... a tristeza de não ter feito, ou do que podia facilmente ter sido feito e não foi... a dor do não poder, do não ter do não ter como. Hoje ainda dá tempo, hoje ainda tem remédio, hoje ainda temos tempo de nos importar com o que realmente importa. Esposa (o), filhos, família, amigos, sempre serão mais importantes do que trabalhos, serviços, compromissos, etc... no fim os que estarão ao nosso lado serão aqueles que cultivamos, que cativamos hoje... amanhã podemos não ter tempo pra cativar e cultivar porque já não dará mais tempo de ter alguém do nosso lado.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

TRAZER A TONA

Tem algumas coisas que nos acontecem que viram uma incógnita em nossas cabeças. Sempre que precisamos sabemos que temos pessoas ao nosso redor que podemos contar, um irmão, um amigo, um familiar, um objeto que insistimos em descarregar problemas como se ele estivesse entendendo, etc... Mas diversas vezes não nos atentamos a alguns detalhes que não damos a mínima atenção. O resmungo nunca será tão perfeito se você o contar a alguém... ele só tem efeito quando é feito de você pra você, pois só você sabe o que realmente quer ouvir como resposta naquele momento. Xingar não é tão prazeroso se não for gritado em alto e bom som pra quem realmente merece ouvir... contar pro amigo que gostaria de xingar “tal” pessoa nunca é cem por cento prazeroso. Contar segredos não será desafiador se não for pra pessoa que você confia, mas sabe que ela pode contar pra outra, e pra outra e pra outra, se não for assim, não tem graça, ah! E tem que vir acompanhada de um “não comente/conta pra ninguém ok?!?!”. Com isto, só posso dizer que o desprender tem que estar presente no nosso dia-dia, que a confiança não mora ao lado, nem dentro da sua casa, e sim no vizinho da rua “de trás”... que o medo do novo é tão cruel e sensível quanto a raiz do pé de alface... que o suportável pode ser mais confortável que o confiável. Que reaprender a amizade é mais prazeroso que um amigo novo, que as trocas se tornam mais eficientes do que as deficiências da alma, que um sorriso aquieta o espirito e nos renova diariamente. Que imaginar o inimaginável é o combustível pra continuar insistindo num desejo recolhido e sem esperança... Saber onde e quando se pode achar o que se procura, e ter nesse achado uma nova esperança do dia. Já não mais existe a angustia, porque foi superada a tempos, mas que a tal ameaça se finda hoje, depois da noticia real de liberdade. Só quero agradecer ao tempo, que me ensinou a ser paciente e entender que ele pode sarar as feridas que outrora ardiam... que só o tempo faz as verdades virem a tona e nos confortam diante dos dias sequentes... que a justiça será demonstrada num outdoor visto pelos olhos, coração e alma, e que quem com ferro fere, terá uma marca de dor vitalícia. Sigo sem medo, sem ódio, sem raízes presas a mim... sigo de cabeça erguida com o rosto limpo e mãos adestradas pela guerra... sigo com um olhar aliviado, mas marcado pelos duelos traçados e com passos firmes vou continuar na minha caminhada, levando sempre uma espada na bainha, um escudo postado e uma enorme vontade de não entrar numa briga, mas entregando minha vida pra finalizar a guerra que me inserem.