domingo, 20 de abril de 2014

BENDITAS FRASES

Existem diversas inverdades que muitas vezes ouvimos e deixamos nos levar por pensar que são verdadeiras. Pra piorar a situação, existem algumas que colocamos como lema de vida, trilha sonora de algum relacionamento, situação feliz, frases pra marcar um momento, etc... os Racionais já disseram “tem uns baratos que não dá pra perceber, que tem mó valor e você não vê, uma par de arvore na praça, as crianças na rua, o vento fresco na cara as estrelas a lua”... e mais uma porrada de banda gravou letras fortes e frases marcantes... mas nós, reles mortais, queremos porque queremos insistir em dizer inverdades achando que somos os mais mais desse mundo, e os donos da situação. Com isso, depois de viver histórias e contos, se aprende com a vida que nem tudo são rosas, que as nuvens jamais terão a textura do algodão, e que o sol é lindo, amarelinho, nos aquece do frio, mas... “como o sol que aquece mas também apodrece o esgoto” (Racionais). Quando se é jovem, se aprende tanta coisa nova, se aprende coisas deliciosas, viagens inimagináveis, prazeres formidáveis, e por aí vai... quando se vive um pouquinho mais, se aprende o que realmente interessa e o que é de verdade... frases que jamais deveriam ser ditas, só na viagem sonora de musicas que passam por nossas vidas como um sábado de chuva, pleno inverno de Julho... “sorrio o teu sorriso”, ah se fosse possível... como seria satisfatório gargalhar ao som de uma gargalhada sincera e honesta vinda de quem se ama... “Ser feliz com a sua felicidade”... há há há... essa é uma das mais ditas, e uma das mais difíceis de dizer com sinceridade... “Seu amor me basta!”... será que é o suficiente?? Será que é o combustível pra vida? Ou é apenas uma mera frase momentânea que se diz apenas pra alegrar o momento? Um dia quando fui grande, percebi que nem tudo que eu fazia tinha sentido, hoje que sou adulto, me sinto o menor de todos pra não ter que olhar nos olhos de quem disse inverdades absolutas, crendo que tudo que eu dizia era a mais pura verdade. Jamais os ventos soprarão na direção que os olhos fitam... jamais as lágrimas encherão de esperança os que se sentem na obrigação de fazer o seu melhor. Ouvi dizer, uns dias desses por aí, que na estrada dos sentimentos existem pontes que cortam caminhos, e pontes que fazem você voltar casas já vividas... mas que o melhor a se fazer é caminhar sem procurar pontes, pra poder viver o novo diariamente, pra sentir novas sensações a cada manhã, pra não se perder na confiança de achar que já conhece tudo, mas ter a certeza de que de nada adianta saber das coisas. Nesse mesmo dia vi borboletas aos montes, passeando por diversas partes do meu corpo causando sensações diversas... paúra, ansiedade, realizações, o novo... ah o novo... esse cara que faz a vida parecer tão diferente, tão real, mas que nos engana a cada dia que chega com suas ilusões que nunca darão em nada. Os dias vão passando, a barba cresce e as forças vão definhando de forma rápida, não mais a cada mês ou semana, mas a cada hora, minuto, segundos... e com essa realidade vem tudo novamente do começo e você lembra das frases, das musicas, das letras fortes, do combustível pra vida, do... do... do... como é mesmo?... é acho que esqueci de muita coisa, inclusive de mim. Não consigo mais lembrar quem eu sou, quem eu queria ser, porque seu sorriso não existe mais pra eu poder sorrir... sua vida está tão longe que não consigo mais vivê-la, seu perdão já não existe mais, então o meu se perdeu... suas lágrimas secaram, e as minhas viraram pó... levanto a cabeça, coloco minha coragem a tona e vou atrás das promessas, pra que me deem força, vou atrás das conquistas, pra que me deem confiança, vou atrás dos sonhos, pra que eu volte a sonhar e eles consigam me fazer felizes de novo... a cada dia, a cada cochilo, um sonho pra me fortalecer a alma, uma dose a mais de vida, pra quem sussurra cantigas infames enquanto ouve teu silêncio em forma de canção. Jamais achei que fosse ser assim, jamais tive tanta certeza de que seria esse, jamais deixaria de apostar a vida nesse jogo de roleta russa... mas a bala da realidade um dia chega na alça do tambor e dispara na sua cabeça o tiro da realidade... Foi aí que aprendi a reavaliar as tentativas e girar o tambor a cada tiro... a saída de emergência não existe, ou melhor, ela se constrói, com suor, sangue e determinação... só não esqueça de deixar pichado nas paredes brancas dos corredores o quanto doloroso foi cavar esse buraco num asfalto duro, com a ponta dos seus dedos... lembre-se da dor de cada unha arrancada e que deve se tirar o maior proveito possível enquanto se percorre cada centímetro do caminho... e antes de chegar ao final, se lembre de sorrir cada sorriso jurado, gargalhar bem alto imaginando gargalhadas e não deixar sequer uma lágrima cair, porque essa vai fazer você se lembrar pra sempre das inverdades que disseste, e de quem realmente você é.