terça-feira, 20 de abril de 2010

Primeiro

Não sou escritor e nem almejo tal título, só gosto de passar pro papel (e pro computador sequencialmente) minhas palavras, frases e pensamentos que insistem em se armazenar em minha mente de forma aleatória quanto a sentidos, assuntos, ou entendimentos, elas apenas existem na cabeça de um homem denominado Rodrigo Martins, mais conhecido como Digão. Um cara bacana que tem sentimentos como muitos, mas que se expressa através deste sentimento como poucos... não por ser melhor que ninguém, muito pelo contrário, o faz por algum motivo ainda desconhecido que sente que nesse momento precisar ordenar os tais pensamentos que estão causando um certo incomodo a ele.
Ligar o chuveiro quente, sentar no chão do banheiro, cruzar as pernas e deixar a água cair sobre sua cabeça, imaginando que aquele ato fará com que o seu incomodo seja lavado e levado pelo ralo, como uma água suja, escura e densa que limpa seu corpo, alma e espírito, mas pra seu espanto nem um pouco espantoso, a água que desce pelo ralo é tão branca e limpa quanto a que sai do chuveiro acima de sua cabeça.
Sua visão? Estrelas, dados, peixes e andorinhas, que são marcas que a vida deixou de herança de épocas que não serão facilmente esquecidas. Estas marcas, estes traços que são apenas “trilha sonora” da vida, de momentos, dores, desafetos, alegrias e orgulho... muito orgulho. Algo que se torna tão duro à realidade que existem horas que se torna difícil levantar do chão do banheiro para encarar o espelho, pois sabe que o olhar que o acusa, é o mesmo que esta sendo acusado. Que estranho, o banheiro que é amigo confidente de tantos momentos e lamentos... alguns poucos metros quadrados que se torna tão aconchegante, que tenho dúvida as vezes se não é do mesmo tamanho do meu corpo, somente 1,73 d altura por 98kg de largura. Penso também que poderia sim ser menor que do realmente é, pois os azulejos são brancos para o tornar visivelmente maior, conselho da irmã arquiteta, que deveria imprimi-lo maior aos olhos com o branco... e neste momento sei que meu próximo banheiro não será branco, pois não quero que meu espaço seja invadido enquanto ordeno meus pensamentos.
Cada traço no corpo não me trará alegrias diárias, pois se torna tão comum quanto o carro preto que passou por mim hoje ás “sei lá que horas do dia”, porque estava muito ocupado pra anotar e notar, mas, cada sorriso sem dente que vou receber me fará o homem mais realizado do mundo. Quero ser, filho(a), seu único e verdadeiro herói, o que corrige porque ama, o que ama incondicionalmente, assim como amo sua mãe... único, perfeito e completo... já sou uma vez sem ser, e agora serei pela primeira vez o que já sou. Quero poder representar o papel reflexivo do teu espelho, poder chamá-lo(a) de xerox como um dia fui chamado, e isto é algo que sempre me trouxe orgulho e espero que lhe traga também. A dor momentânea que fazem meus olhos embaçarem tem nome... saudade... daquele que me ensinou o que hei de ensinar meus filhos.
Sentado em frente a um papel e uma caneta sinto falta de um café e um cigarro, como nos filmes de Hollywood, mas não farei algo que jamais fiz até o momento pois o que virá será além do que espero. Quero apenas poder sentir o calor do sol e o quão molhados são os pingos da chuva. Dor? Não sei. Alegria? Talvez. Felicidade? Ah, isso sempre... mesmo que faça o coração apertar e o frio na barriga resolva aparecer.
Quero poder contar que tenho uma família, amigos, um Deus que zela por mim e pelos meus e um “eu”que tem medo do “eu mesmo” que existe dentro de mim... Não escrevo nada aqui pra ser bonito, feio, de fácil entendimento ou leitura, só absorvi um pouco do que estava na cabeça e joguei no papel pra tentar entender, isto já basta! É o poder olhar pra trás e ter escrito o registro de um pensamento único, é poder observar de alguma forma o que se passa dentro de mim. É lembrar de 15 anos atrás e não notar diferença nos traços do rosto... é lembrar de 20 anos atrás e não enxergar diferença no agir... mas é olhar no fundo dos olhos e notar que estes 10 minutos foram determinantes para que o branco dos olhos se tornem irreconhecíveis. É deixar o que é vão pra trás e pensar no que vem por aí, e que realmente mudará e muito os pensamentos vazios que ainda insistem em me perseguir.
Voltar a ser um valor nas mãos de quem realmente me valoriza, reaprender a sonhar um sonho bom, vindo de um terrível pesadelo e torná-lo real... realizar junto com a minha metade o que está mais do que vivo e real em nossos sonhos, pois um sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade... e é da minha realidade o que acabara de respeitar o que quero viver. A dor e o medo já passaram, saiu junto com a tinta da caneta que foi despejada neste papel que outrora estava em branco. A saudade insiste em ficar, mas eu desejo que ela fique, porque jamais sentirei um amor paterno terrestre como já senti um dia e esta saudade me motiva a ser tão bom quanto para os meus.
Amo minha mãe, amo meus irmãos, amo minha mulher, filha e meu bebê que está por vir. Amo a mim mesmo de uma forma totalmente minha, mas que eu mesmo me entendo e correspondo do meu jeito a mim mesmo.
Chega, levanto agora, fecho o chuveiro e me seco numa toalha verde. Pego um papel e uma caneta e começo a botar meus pensamentos em ordem...

2 comentários:

  1. uau! clap clap clap... palmas para vc!
    é um escritor e nem se deu conta disso...
    (óbEveo que eu percebo mto as coisas! rs)

    só tenho a dizer: parabéns!
    e esse seu momento é único... curta mesmo!

    hugs and kisses ;*

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  2. Poesia e verdades, expressas com o coracao!
    Amei conhecer mais este lado seu...e me orgulho disso.
    Te amo, negao! Coragem que a vida agora é pra valer...e vale muito, muito a pena!!! Garanto!
    Beijos,

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