quinta-feira, 4 de agosto de 2011

SERÁ QUE ISSO É O SUFICIENTE?

O silêncio é o grito mais agressivo de quem sofre, é o pedido de socorro do desesperado, é o ar do asmático, a cadeira de rodas para o paraplégico, o sangue que faz o coração bombear e bater fortemente dentro de um peito amargurado, cheio de incertezas e receios. O doce já não é tão doce como antes, já se tornou um pouco amargo... o sal tem que ser despejado de forma mais intensa pra poder sentir sua presença, e as frases, essas vem como socos ou bombas e destila seu poder de destruição através de expressões. Identifique o esconderijo do seu caráter e o traga a tona, e fale em alto e bom som aquela frase que não foi dita ontem por puro pudor, grite-a hoje como um tiro de fuzil na cara de quem merece ouvi-la, acertando o alvo em cheio, esteja ele onde estiver. Vomitar as angustias é nada mais do que ser sincero e transparente... sincero consigo, por não deixar que as amarguras tenham o poder de escurecer seu coração, e transparente ao ponto de poder ler nos seus olhos os seus medos de infância. Cuspa sangue se for necessário, mas não prenda nada dentro de si, não deixa que a sua boca se transforme em um sepulcro cheio de verdades mortas, e que as mentiras mortas ganhem vida por conta de medo e insegurança. Isso não é suficiente pra você ser feliz?... Será que isso é o suficiente?

Seria mais ou menos como...
Ter uma compota, mas não ter uma colher
Ter o automóvel, mas não ter o combustível
Ter a casa, mas não as chaves
Ter a noite, mas não ter a brisa
Ter o mar, mas não ter as ondas
Ter a presença, mas não ter o toque
Ter o orgulho, mas não ter de quem se orgulhar
Ter perto, mas ao mesmo tempo longe
Ter a visão, mas viver na escuridão
Ter a coragem, mas não a ousadia
Ter a vida, mas não vivê-la
Ter os sonhos, mas não acordar para realizá-los
Ter pessoas, mas ser só
Ter dúvida, mas não tirá-las
Ter tempo, mas viver com pressa
Ter visão, mas ver só o que quer
Ter um amor, e não amá-lo
Ter carinho, mas não ser correspondido
Ter uma vida, mas viver a do outro
Ter tudo, mas optar por não ter nada
Ter a paz, mas viver em turbulência
Ter o ouro, mas viver na pobreza
Ter graça, mas não ter limites
Ter bom senso, mas não coerência
Ter dó, mas não de si
Ter fome, mas não degustar o alimento
Ter humildade, mas não abrir mão da vaidade
Ter pena, mas só de si
Ter planos, mas não colocá-lo em prática
Ter sede, mas só de vingança
Ter vida, mas viver em morte
Ter oportunidades, mas não alimentar a alma
Ter ânimo, mas guarda no fundo do baú
Ter Deus, mas viver se “endeusando”
Ter vontades, mas não aproveitar o momento
Ter a o sono, mas não dormir
Ter intrigas, mas não desvendá-las
Ter preguiça, mas não descansar
Ter curiosidades, mas morrer curioso
Ter companhia, mas ser só
Ter o cigarro, mas não o fogo
Ter a chance, mas só dar valor depois que passa
Ter um amor, mas só percebe depois que perde...

Será que isso é realmente suficiente?
Será que no fim, você vai olhar pra trás e poder dizer, “fiz o meu melhor?”
Será que é realmente isso que você quer pra você?
Será?
Será?
Será?
São tantos “serás” que não temos tempo de pesar o quanto temos e o quando decidimos não ter, o quanto somos e não aproveitamos, o quanto fazemos e fazemos errado... apenas vivendo anestesiados com os nossos “mas... mas... mas...”. Não sei o que seria do ser humano se não existisse a desculpa...

2 comentários:

  1. Textos sempre intensos e me mostra a vida como num espelho, mesmo que seja um retrovisor...
    Bjs,

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